Desfile da Nenê 2001, campeã juntamente com a Vai-Vai. Eu estava no carro abre-alas.
Mensurar o que os Mestres do Samba são, é complicado, mais ainda é imaginar quem serão os próximos que farão história e que passarão às próximas gerações as obras que nos foram deixadas.
Alberto Alves da Silva, Seu Nenê , fez história e deixa um legado. Criou seus filhos junto com a escola que fundou em 1949, Nenê da Vila Matilde. Para seu filho ele é um ídolo Adalberto Alves da Silva, relata: " eu dividia meu quarto com instrumentos, dormia com eles no meu pé ". Carrega na veia a herança de seu pai, o amor ao samba.
Tive privilegio, numa tarde de 2004, no Anhembi, quando ainda trabalhavam Seu Juarez da Cruz (Mocidade Alegre)*, Seu Mello (Vai-Vai), Cleusa Viana (Mãe Cleusa)*, ver uma conversa que tornou-se discussão, mas logo virava festa entre eles, sobre suas peripécias no Carnaval." Corríamos da policia, sofremos bastante", lembrava Cleusa. " Dávamos umas pernadas, e fugíamos", dizia Seu Nenê, mas eram outros tempos, a nostalgia fazia parte do discurso dele. E sem medo de falar o que não lhe agradava, quem não lhe agradava, e que não aceitava muitas coisas que aconteciam no Carnaval, que ele ajudou a estruturar. Ele reclamava do andamento do samba: " o samba tá muito pra frente, não se faz mais samba como antigamente", referindo-se ao andamento acelerado do samba.
Acredito muito que o respeito para com estes que fazem história seja fundamental para criarmos a nova geração do Samba Paulistano. Com dor no coração me despeço do Seu Nenê, fundamental para o Carnaval Paulistano. Obrigada por contribuir para minha trajetória.
*Seu Juarez da Cruz, fundador da Mocidade Alegre também encontra-se no céu.
*Cleusa Viana, Mãe Cleusa, foi embora neste ano, e deixou para todos suas histórias.
No livro Memórias do Seu Nenê Da Vila Matilde, narrado por ele e organizado por Ana Maria vocês verão o quão importante ele foi para nós, sambistas.
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